segunda-feira, 22 de novembro de 2010

DECÁLOGO DO JORNALISTA - QORPO-SANTO

                              


Preocupado com a ética da imprensa,tão logo começou a publicar a Enciclopédia, Qorpo-Santo elaborou o seguinte decálogo:


O QUE É - OU COMO DEVE SER UM VERDADEIRO
 REDATOR DE JORNAL


Sempre foi nossa opinião que para alguém poder redigir uma folha deve possuir ou reunir em si as seguintes qualidades ou dons: 

 1ª – Não mentir; não injuriar; nem caluniar a pessoa alguma.
 2ª - Ter tido sempre ilibada conduta, quer como homem público se o tem sido; quer como homem particular. 
3ª – Conhecer pelo menos os preparatórios para as Academias de Direito deste Império.
4ª – Gozar estima e confiança pública, por suas maneiras civis, delicadas e atenciosas para com as pessoas com quem trata; 
5ª – Ser o mais pontual que é possível no cumprimento dos deveres que contrai. 
 6ª - Conservar sempre certa firmeza de Caráter; brio; e dignidade.
7ª – Que seja homem dotado de probidade e honra.
 8ª - Que tenha a precisa coragem para censurar os maus atos, e a indispensável imparcialidade para louvar os bons.
 9ª - Que tenha sempre diante dos olhos – mais o interesse público que o particular, não vendendo por isso mesmo as colunas do seu jornal – a miseráveis, ou malignos especuladores.
10ª – Jamais deve escrever em linguagem baixa, vil, trivial, etc.,  mas fina, elevada, sublime! Único meio de agradar às pessoas bem educadas, e de polir as que o não são. 

Finalmente: - Que saiba, se persuada ou queira – que um bom Jornalista ou Redator de Jornal é um diretor dos outros homens quase como o de um colégio, ou que estes inclina, moços, crianças, etc. a tudo quanto lhes é, lhes pode ser útil, aqueles trabalham e esforçam-se para inclinar homens.
No primeiro caso fala-se, escreve-se, guia-se a estes que querem o que nós queremos, antes ainda sem opiniões suas, ou contrárias – arraigadas. 
No segundo, somos muitas vezes obrigados a lutar com um milhão de prejuízos, com sentimentos e inclinações a alguns respeitos diversos dos nossos. 
É portanto a missão do Redator uma das mais sublimes que se pode exercer sobre a Terra. 
Algumas vezes é semelhante à do verdadeiro ministro que cheio de mansidão, de brandura, de honestidade, de pureza e de interesse particular - exorta, aconselha, mostra, esforça-se para conservar suas ovelhas no aprisco, bem como fazer entrar nele todas aquelas que por fatos  às vezes incompreensíveis a alguns homens, andam deste – desgarradas! 
Em outras é a imagem de um general, que prepara seus soldados, enche-os de um santo amor pela causa que defendem, estende suas linhas de batalha, e de espada em punho avança por entre as hostes inimigas, e lança por terra tudo quanto se lhe opõe!
Tão importante missão, para ser como deve, bem desempenhada – é necessário que aquele que toma sobre si tal encargo, seja mais que um simples indivíduo; os que não têm estas qualidades, os que assim não procedem, os que assim não o são,  - tão bem poderão ser alguma outro cousa, exercer algum outro emprego – menos porém o de guia de seus semelhantes: - instruídor, deleitador, ilustrador, recreador, ou de Redator de um jornal.

Qorpo-Santo, em Outubro de 1866.             

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