Eu estou com medo
Há oito anos a atriz Regina Duarte entrou em rede nacional no horário nobre da televisão brasileira e disse: “estou com medo”. Tratava-se do último episódio do programa eleitoral do então candidato à presidência da república pela situação, José Serra. Seu adversário, o eterno candidato Luis Inácio Lula da Silva, aparecia à frente nas pesquisas e tudo indicava que depois de ser derrotado em três eleições (1989, 1994 e 1998) assumiria o Palácio do Planalto.
Agora, ao me deitar um dia antes do primeiro turno da eleição que decidirá quem será o substituto de Lula, depois de oito anos de mandato, um sentimento veio à minha mente e pensei: “estou com medo”. Respeito o medo de cada um, mas acredito que o meu é muito mais fundamentado do que aquele, pateticamente demonstrado pela namoradinha do Brasil, em 1998.
O meu medo é de as coisas voltarem a ser como antes. Porque eu me lembro muito bem das dificuldades que eu e o país passávamos. Me lembro da instabilidade econômica, da incerteza, dos preços altos. Mas me lembro também de um governo pouco preocupado com a parte social. Falando em português claro, um governo que só se preocupa com as classes mais altas, os mais ricos.
Se você, por um acaso, pertence a essa classe, saiba que o Brasil só passou “bem”, com alguns arranhões, pela crise que abalou o mundo em 2009 porque o governo federal, o governo Lula, colocou os pobres e os miseráveis do Brasil em situação de comprar e de movimentar a economia.
Talvez isso ainda seja pouco importante para você. Então, eu vou justificar meu medo de uma outra maneira.
Valores do Produto Interno Bruto do Brasil |
Tenho medo de que a taxa de desemprego que hoje está menor do que 8% volte à casa dos 12,5% de 2002. Tenho medo que a política econômica que colocou o salário mínimo em R$ 510 seja substituída por aquela que conseguia apenas R$ 200, em 2002. Tenho medo porque sei que a taxa de crescimento real do PIB (Produto Interno Bruto) hoje é de 5,1% e, em 2002, era de 1.9%. Um PIB que era, per capita, de R$ 7.400 e está em R$ 9.400.
Quantas pessoas têm medo da inflação, não é? Uma inflação que, no primeiro ano do governo Lula era de 14% e que hoje não chega aos 6%. Pois é. A inflação é um conjunto de vários aspectos da economia. Nossa produção industrial chegou a ser de -2,6% em 2000. Em 2002, era de 1%. Hoje, após oito anos de um governo que pensa a longo prazo, que tem um grupo que interage, conversa, se estrutura, a economia cresce a 4,8% ao ano. E já foi maior nos últimos anos.
Importações e exportações são aspectos importantes para a análise. Convido a você a analisar os gráficos que mostram o histórico desses dados nos últimos anos.
Exportações e Importações no Brasil |
Em 2002, o Brasil contava com 184.140 km de rodovias no país. Hoje, após um planejamento adequado, temos mais de 1.751.868 km de estradas. É importante a estruturação de outras formas de transporte? Com certeza. E o governo atual tem uma política e um grupo discutindo estratégias logísticas via ferrovias e hidrovias.
O orçamento militar correspondia a 1.9% do PIB, em 2002. Mesmo o Brasil estando em paz, esse número subiu para 2.6% em 2008, último dado que temos.
Como disse, a política econômica está interligada com várias outras e o trabalho é feito e dá resultados como um todo. O trabalho feito pelo atual governo derrubou a taxa de mortalidade de 9.32, em 2002, para 6.3 para cada mil habitantes.
E a conjunção de todos esses fatores, caros amigos, só pode resultar numa vida melhor. E é o que temos. Impressionante que o salto seja tão grande, como você pode ver no gráfico abaixo.
Eu tenho medo sim. Tenho medo por muitos outros motivos. Tenho medo porque vi alguns amigos simples, pobres, formados comigo no colegial em 2002 terem a certeza que o estudo, e consequentemente as possibilidades de mudança, estava no fim. E vi seus irmãos e primos terem a chance de reverter o quadro através de programas como o ProUni no Governo Lula.
Tenho medo porque sei que nunca fomos respeitados lá fora como somos agora. Tenho medo porque sentia vergonha ao ver o Brasil dizer amém para tudo o que as grandes potências diziam e conheço os avanços conseguidos quando o Brasil bateu de frente, como no caso da quebra de patentes dos remédios anti HIV, nas sanções impostas aos EUA por protecionismo, entre muitas outras.
Se ficasse escrevendo todas as razões pelas quais sinto medo você não ficaria aqui. E acho que já fui claro em meu ponto de vista. Para concluir, então, digo que no dia 31 voto Dilma sim. Voto 13, como sempre votei e como deu certo até hoje. Entendo o ponto de vista de quem teve outras opções no primeiro turno. Mas agora, diante de tal escolha, devemos optar pelo que tem dado certo e tem feito nossas vidas diferentes ao invés de um sistema que deixou o Brasil onde estava antes da mudança ocorrida a partir de 2003. E tenho certeza que você sabe do que estou falando.
Todos os gráficos, e muito mais, podem ser vistos aqui.
Todos os gráficos, e muito mais, podem ser vistos aqui.
Hugo Nogueira Luz é jornalista.
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