domingo, 31 de julho de 2011

TOTONHO VILLEROY OBSERVA A APARENTE TRÉGUA NO TRÁFICO NO RIO DE JANEIRO, APÓS A INVASÃO DO COMPLEXO DO ALEMÃO...

O RIO DE JANEIRO CONTINUA LINDO... MAS SEGUNDO UM DOS SEUS ILUSTRES MORADORES, O COMPOSITOR GAUCHO TOTONHO VILLEROY, ALGO DE PODRE SOB SEU BELO CÉU AZUL E O TESTEMUNHO DO CRISTO REDENTOR PAIRA NO AR... PRESTEM ATENÇÃO AO AVISO... LEIAM O ARTIGO QUE ELEPUBLICOU EM SUA PÁGINA NO FACEBOOK, QUE É BASTANTE ELUCIDATIVO E DE CERTA FORMA ASSUSTADOR! GLADIS MAIA
                                            
Há uma questão relacionada à segurança do Rio que me preocupa muito no momento.

Depois da invasão do Complexo do Alemão pela polícia, o Rio de Janeiro ficou mais calmo. Mas essa calma é intrigante, parece ocultar algo, como se alguma coisa estivesse sendo orquestrada, em silêncio. Em primeiro lugar, soube por fontes confiáveis que muitos traficantes desceram o morro em carros da polícia civil e que haviam pago R$ 1milhão por cabeça, por essa “carona em segurança” , deixando, para contentar a imprensa e fazer um mis en scène com a sociedade, alguns troféus como Batmam e, pricipalmente, Zeu, que participou da morte do jornalista Tim Lopes. O fato é que esses traficantes que escaparam, seja em carros da civil ou fugindo no meio da madrugada pelas inúmeras saídas do Complexo, estão em algum lugar nesse momento. As guerras entre facções parecem estar suspensas. 


Essa trégua combinada, distoa do que vinha acontecendo em anos anteriores. Diz-se que o CV, ADA e 3º Comando estão juntando as forças. Mas ainda não tenho uma informação confiável a esse respeito. O que tenho ouvido na rua, por motoristas de táxi, em conversas em bancas de revista, com pessoas que lidam com informação direta,com alguns moradores da Rocinha, Vidigal e Pavãozinho, é que muitos traficantes migraram para outras cidades do Estado do Rio e também para outras regiões do Brasil. Soube há pouco que muitos foram para Santa Catarina, que Navegantes seria um desses destinos.  Bom, sabe-se que essa “limpeza” nos morros faz parte de uma estratégia dos governos Federal, Estadual e Municipal para melhorar a imagem do Rio, tendo em vista os eventos esportivos que acontecerão na cidade nos próximos cinco anos. 


Essa medida tem sido eficaz, haja vista a lotação dos hotéis no final do ano passado, quando houve 95% de ocupação dos quartos. Há muita morador do asfalto que está começando a investir em imóveis nos morros, contando com uma tranformação desses lugares. Há uns meses atrás eu fui olhar umas casas num ponto alto do Vidigal conhecido como “Arvrão”. A vista é uma das mais lindas do Rio. Mas para chegar até lá passa-se por uma via muito estreita, onde muitas vezes só transita um carro por vez. 


Dizem que Eike Batista tem investido cerca de R$ 1.000.000 por ano na Rocinha. Se isso for verdade ele deve estar vislumbrando grandes negócios nesse local. E, se for assim mesmo, o que o Poder Público, em suas diferentes instâncias, está pretendendo fazer com os atuais moradores desses lugares.? Empurrá-los para locais distantes e lá esquecê-los como fez o Governador Lacerda com os moradores da Lagoa Rodrigo de Freitas que foram "largados" na Cidade de Deus? 


Voltando à questão do comércio de drogas, se o problema for empurrado para outros estados, o que acontecerá é uma ampliação das redes do tráfico. E isso significa mais contrabando de armas e a possibilidade de uma violência maior disseminada num futuro não muito distante. Creio que, até 2016, o Rio deve ficar a cada ano mais seguro, as coisas serão mantidas sobre controle, o tráfico deve continuar como está agora, pois as drogas continuam circulando, só que sem alarde e sem violência. Em alguns lugares elas são controladas pelas milícias, que acabaram se tornando um mal ainda maior, pois sentem-se em parte legitimadas por setores do Poder Público. 


Mas e depois das Olimpíadas, o que poderá acontecer? Essa é uma questão que não podemos perder de vista, mesmo sendo desagradável. E, como cidadãos, o que está ao nosso alcance realizar? Não adianta colocar UPPs nos morros sem que haja investimentos reais em educação, saúde e infra estrutura e sem que se criem oportunidades profissionais para os jovens que estão no momento de definir suas vidas. Sabemos que os negócios do tráfico são atraentes e trazem mais status dentro das favelas do que um emprego honesto. Essa realidade precisa mudar. A discussão sobre a liberação deve ser levada a sério e tratada de maneira científica, com dados, estatísticas, projeções e soluções para os seus desdobramentos. Muitos políticos importantes, como, por exemplo, os ex presidentes FHC e Clinton perceberam, por experiência administrativa, que a repressão não foi eficaz e que a liberação talvez seja a solução para o combate à criminalidade relacionada às drogas.. Programas de esporte e arte também são formas eficazes de se agregar os jovens para que não se percam nos labirintos do crime.  Os eventos esportivos poderão ser uma boa fonte de inspiração. O Brasil ama o futebol acima de tudo, mas as Olimpíadas podem ampliar o interesse por outros esportes.  Antes que me interpretem mal, é lógico que fico empolgado ao ver a cidade do Rio transformando-se para melhor, ao preparar-se para a Copa e para as Olimpíadas e também vibro ao pensar que contaremos com muitos investimentos importantes aqui. Mas essas melhorias devem incluir toda sua população e não apenas as classes mais abastadas. Chega de exclusão!!!! Quando estava escrevendo esse texto, ao procurar uma foto para ilustrá-lo, coloquei no Google as palavras Favela e Futebol. E, entre as imagens, apareceu essa impressionante foto de Ratao Diniz Diniz, que eu ainda não conhecia. 


Encontrei-o no facebook e solicitei autorização para utilizar sua foto, enviando-lhe o texto que ela deveria ilustrar. Ele foi de acordo, falou-me que é morador de favela e que , quando voltar de uma viagem que está fazendo pelo interior do Brasil, exporá aqui seus pontos de vista sobre esse tema.  Obrigado Ratão por emprestar sua foto. E seus comentários, com certeza, enriquecerão muito esse debate. Seja bem vindo.

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