quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Em plena era da twitagem por que ainda preocupar-se em escrever com coesão ?

                                                                           Por Gladis Maia
 

      (...) Escrever é muito difícil. Compromete mais que falar. Escrever deixa marca, registra pensamento, sonho, desejo de morte e vida. Escrever dá muito trabalho porque organiza e articula o pensamento na busca de conhecer o outro, a si, o mundo. Envolve, exige exercício disciplinado de persistência, resistência, na busca do seu texto verdadeiro (...) Madalena Freire, in Observação, registro, reflexão. Instrumentos Metodológicos


         Em primeiro lugar é preciso que se diga que não existem textos neutros, quem produz textos tem sempre metas, objetivos, intenções. Toda produção textual traz consigo, por não ser jamais uma cópia do mundo real, o mundo recriado pela escrita, mediado pelas nossas crenças, nossas convicções, nossas perspectivas e pelos nossos propósitos que se estampam nos argumentos expostos.


         O texto é muito mais do que uma simples soma de frases e palavras. Constitui um ato de comunicação unificada no complexo universo das ações humanas, valendo qualitativamente e não em quantidade. Se os argumentos de um texto forem bons, convincentes, não há dúvidas de que a mensagem será aceita, até mesmo - quem sabe? - pelo interlocutor oponente.


         E o que faz com que um texto seja um texto, quais são os fatores imprescindíveis, responsáveis pela textualidade? 1)A coesão é um deles, enquanto lógica de pensamento; 2) a coerência, relação harmônica mantida entre as idéias, é outro; 3) a informatividade, que é fazer saber ou dar ciência de algo, tem que estar presente;  4) a situacionalidade, conjuntura – política, econômica, social, histórica ou cultural - uma delas ou todas,   combinadas ou em concorrência, precisa comparecer; 5) a intertextualidade, que é relacionar textos, através de citações, comentários, reprodução de outros autores, que nos ajudam a manter a coerência na escrita, não é obrigatória, mas corporifica a textualidade;6) a intencionalidade,  mantida pelo emissor, ao redigir em níveis de linguagem adequados,  para atingir suas intenções junto aos seus receptores; 7) e ainda a   aceitabilidade, como contrapartida da intencionalidade.

        
                 O nosso conhecimento do mundo – ou do assunto que abordamos, pelo menos – desempenha um papel decisivo no estabelecimento da coerência. Ninguém sabe tudo!  Todos somos conhecedores de generalidades, sobre determinados temas, e , especialistas em uma ou outra  matéria, pois o que não falta é a diversidade de objetos a serem estudados.

         O cuidado maior deve ser a escolha deste objeto a ser abordado. Não há coisa mais deselegante do que nos atribuirmos ares de sabichões... É desagradável, grotesco, mesmo! Por que não perguntarmos a quem sabe, usarmos os livros – especialmente os dicionários, há dicionários sobre tudo que imaginarmos, folclore, sociologia, política,  gíria, até de palavrão, eu mesma tenho dois destes últimos – utilizarmos a Internet ou outro veículo que nos esclareça a dúvida?


         Adquirimos os nossos conhecimentos à medida que vivemos, tomando contato com o mundo que nos cerca, na academia, nos livros  e experenciando uma série de fatos, em meio a vida e a passagem do tempo, com um sol que se vai , uma lua que desponta no horizonte, entre os homens e até mesmo com os animais e a mãe-natureza-sábia, nós aprendemos. O Universo conspira a nosso favor, é só prestar a atenção!


 Esses conhecimentos vão sendo armazenados na memória de todos nós – eu particularmente acredito que vida após vida, só não lembramos deles de imediato, por motivos outros, que aqui não cabe nomear -   não de uma forma caótica, mas em forma de blocos, que se denominam modelos cognitivos.


E é a partir destas formas - e outras, que não foram elencadas por mim - que passamos a ter condições de fazer inferências, ou seja, operações que utilizam o nosso conhecimento de mundo, a nossa leitura, o nosso olhar, a nossa interpretação  e  que,  muitas vezes,  desejamos expô-las para além dos nossos amigos, aos leitores em geral. Boa leitura, sempre!O bom escritor ou escrevinhador é sempre um bom e grande leitor... Pensem nisso! Namastê!

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