terça-feira, 19 de maio de 2015

HÁ QUEM ADOEÇA EM PLENO TRIUNFO...

        

             Do mesmo modo que as pessoas adoecem por passarem privações, certos indivíduos adoecem quando alcançam o sucesso, tão logo consigam  algo pelo qual lutaram um bom tempo. Freud no ensaio "Os arruinados pelo êxito", fala de pessoas que fracassam quando atingem o que sempre almejaram na vida. O sujeito ao invés de celebrar a conquista, troca a satisfação por angústia e ansiedade, não se permite a felicidade: a frustração interna ordena-lhe que se aferre à frustração externa.

        Segundo o psicanalista tais pessoas encontram mais satisfação na fantasia do que na realização do desejo. Enquanto desejam, sonham, planejam, aspiram alguma realização, estão afastadas do conflito. Quando a realidade se aproxima da realização do desejo porém, surge uma série de fenômenos para apegar-se à sua fantasia. É uma forma de manter o desejo em estado de insatisfação. Uma espécie de auto sabotagem que atua de um modo cíclico, vicioso, nocivo: uma parte da pessoa quer sentir- se feliz, enquanto a outra sente culpa por esse desejo.

     Observe o exemplo da mulher que só arruma namorado que a trai. Será que todos os homens traem, ou são todos os homens que ela coloca na sua vida que a traem? Será que ela quer ter homens que a traiam?  Claro que não, o sofrimento é insuportável, embora ela continue a sua saga, ou tragédia grega, namorado após namorado, se auto sabotando. Olhe bem e você vai ver  que essa pessoa teve um pai que cobrava e cobrava, que  queria que ela fosse a mais competente do mundo. Tipo a pessoa continua brigando com o pai que pode até já estar morto, e mesmo do além túmulo ainda  influencia, de verdade. Quem influencia não é o pai fantasma, mas a figura internalizada do pai.
    Pessoas assim geralmente repetem padrões da infância mesmo que esses padrões estejam prejudicando a sua vida, infernizada pela compulsão da repetição. Uma necessidade inconsciente de repetir um comportamento destrutivo.  Elas enterram as situações traumáticas de suas vidas, mas que na realidade  continuam como se fosse uma marca indelével.
  Essa moça do exemplo deve ter sido  uma criança insegura,  que mesmo adulta agora continua emocionalmente frágil, carregando dentro de si a menina assustada de outrora. Ela não sabe explicar, não conhece o porquê disso, como as crianças que não conseguem controlar suas vidas,  ela se sente ainda incapaz de controlar isso. Talvez  ela tenha vivido uma infância inteira se sentindo inadequada. Talvez tenham havido pessoas  que fizeram-na  se sentir sem direito de se expressar ou de simplesmente fazer parte da vida. As terapias existem para, entre outras coisas, corrigir esta programação repetitiva e improdutiva. Pensem isso. Namastê!

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