terça-feira, 19 de maio de 2015

Viver em sociedade depende sempre de atos políticos


        Parece que  a nossa vida sempre dependeu da política, mesmo na Grécia Clássica onde ela nasceu no século VI a. C. Vivia-se em pequenas unidades agrícolas autossuficientes, as riquezas eram produzidas coletivamente, mas já havia   uma espécie de patriarca, o pater, que organizava as ações administrativas, judiciárias e religiosas.

       Com o passar do tempo, a falta de terras e o uso de técnicas de plantio pouco avançadas, o crescimento populacional torna-se maior do que a produção agrícola. Os membros mais próximos do pater passaram a integrar uma classe de proprietários de terras: os eupátridas (bem-nascidos), que reinavam sobre  os georgoi (agricultores) - pequenos proprietários - e, no estrato mais baixo ainda estavam os thetas, (os marginais), sem nenhuma propriedade agrícola.

      Na defesa dos  territórios os grupos de determinadas regiões passaram a  se organizar  em tribos. O agrupamento das tribos e a influência dos eupátridas determinaram a formação das primeiras Cidades-Estado, as pólis, cuja povoação se desenvolvia em torno da acrópole, com seus  palácios e  templos, situada no ponto mais alto da cidade.  A estabilização da sociedade grega aconteceu mediante  o aparecimento de uma classe mercantil politicamente  influente, que além do  desenvolvimento da atividade comercial realizou a  expansão marítima.

       A originalidade das cidades gregas se centra na possibilidade de se debaterem os problemas de interesse comum em reuniões de cidadãos chamadas de “assembleias”, que aconteciam em um espaço público conhecido como “ágora”. A linguagem, por meio do diálogo e da discussão, passa a ocupar um papel primordial para o convívio. Por meio dela se rompe com a violência e o uso da força e do medo, já que todos têm no diálogo os mesmos direitos: interrogar, questionar, argumentar,  etc.

        Mas ao falarmos da democracia ateniense, é preciso ressaltar que ela se limitava apenas a determinados indivíduos, considerados como  verdadeiros cidadãos. Atenas possuía meio milhão de habitantes, 300 mil eram escravos e 50 mil estrangeiros. Excluindo-se as mulheres e crianças, restavam apenas 10%  da população, que englobava os cidadãos propriamente ditos, capacitados para decidir por todos.

        Mas a  maior parte da população se achava excluída do processo político. Aliás, quanto mais se desenvolvia a ideia de “cidadão ideal”, com a consolidação da democracia, mais a escravidão surgia como contraponto indispensável, na medida em que ao escravo eram reservadas as tarefas consideradas menores. Diante disto temos que convir que a humanidade caminha para a liberdade a passos  muito lentos. Pensem nisso. Namastê!


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